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Neuralgia do Trigêmeo

Neuralgia do trigêmeo
Imagem meramente ilustrativa - Banco de imagens: Freepik

A neuralgia do trigêmeo é uma condição neurológica caracterizada por episódios de dor intensa na face, frequentemente descrita como choques elétricos súbitos. Essa dor, considerada uma das mais severas que um ser humano pode experimentar, ocorre devido à disfunção do nervo trigêmeo, responsável principalmente pela sensibilidade da face.

A condição pode ser incapacitante, afetando atividades simples como falar, mastigar ou até mesmo tocar o rosto. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para proporcionar alívio ao paciente e melhorar sua qualidade de vida.

O que é a neuralgia do trigêmeo?

O nervo trigêmeo é um dos nervos cranianos responsáveis pela transmissão de sensações do rosto para o cérebro. Ele se divide em três ramos principais:

  1. Ramo oftálmico (V1): Responsável pela sensibilidade da testa, couro cabeludo e olhos.
  2. Ramo maxilar (V2): Atua na região das bochechas, lábios superiores e parte do nariz.
  3. Ramo mandibular (V3): Inerva a mandíbula, lábios inferiores e parte da língua.

A neuralgia do trigêmeo ocorre quando este nervo sofre irritação ou compressão, geralmente por um vaso sanguíneo, levando a crises de dor intensa e repentina.

Causas e fatores de risco

A principal causa da neuralgia do trigêmeo é a compressão do nervo trigêmeo por uma artéria ou veia, o que compromete sua função normal e provoca disparos de dor intensa. No entanto, outros fatores também podem estar associados ao desenvolvimento da condição, como:

  • Esclerose múltipla: Doença que afeta a mielina (revestimento dos nervos), prejudicando a condução dos impulsos nervosos.
  • Tumores cranianos: O crescimento de massas na região do nervo trigêmeo pode gerar compressão e desencadear a dor.
  • Traumas na face: Cirurgias, fraturas ou impactos podem alterar a estrutura nervosa e favorecer a neuralgia.
  • Doenças vasculares: Aneurismas ou outras anomalias podem, de forma semelhante aos tumores, causar compressões na região do nervo e provocar dor.
  • Condições genéticas: Há relatos de famílias com alterações de canais iônicos que desenvolveram esta condição, considerada uma causa rara.

Embora seja mais comum em adultos acima dos 50 anos, a neuralgia do trigêmeo pode afetar indivíduos de qualquer idade.

Quais são os sintomas da neuralgia do trigêmeo?

Os sintomas da neuralgia do trigêmeo são bastante característicos e incluem:

  • Dor intensa e repentina na face, semelhante a choques elétricos.
  • Episódios de dor que duram de segundos a alguns minutos, podendo se repetir diversas vezes ao dia.
  • Dor unilateral, geralmente afetando um lado do rosto.
  • Desencadeamento por estímulos simples, como tocar o rosto, falar, mastigar ou escovar os dentes.
  • Ausência de dor entre os episódios, o que diferencia a neuralgia de outras condições faciais.

Em estágios mais avançados, os episódios de dor podem se tornar mais frequentes e prolongados, impactando significativamente a qualidade de vida do paciente.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico da neuralgia do trigêmeo é clínico e baseado na descrição dos sintomas. O médico pode realizar testes específicos para avaliar a função do nervo e excluir outras causas de dor facial. Além disso, exames de imagem, como a ressonância magnética, podem ser solicitados para identificar compressões vasculares, tumores ou lesões associadas.

Sempre deve ser descartado etiologias odontológicas como possível causa de dor, que pode mimetizar a neuralgia de trigêmeo – a consulta com o dentista deve sempre ser considerada.

Em alguns casos, o uso de exames neurológicos auxilia no diagnóstico diferencial entre a neuralgia do trigêmeo e outras condições que causam dor facial, como enxaqueca e disfunção da articulação temporomandibular (ATM).

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Tratamentos para neuralgia do trigêmeo

O tratamento da neuralgia do trigêmeo pode envolver o uso de medicamentos, procedimentos minimamente invasivos e, em casos mais graves, cirurgia. A escolha da abordagem depende da gravidade da condição e da resposta do paciente às terapias iniciais.

Tratamento medicamentoso

Os medicamentos são a primeira linha de tratamento e ajudam a reduzir a frequência e a intensidade das crises de dor. As principais opções incluem:

  • Anticonvulsivantes: Medicamentos como a carbamazepina e a oxcarbazepina são a primeira linha de tratamento farmacológico, para atuar de forma a evitar as descargas neurais relacionadas às crises de dor.
  • Relaxantes musculares: Como o baclofeno, que possuem ação no sistema nervoso central, pode ser utilizado em associação com anticonvulsivantes.
  • Antidepressivos tricíclicos e benzodiazepínicos: Em alguns casos, ajudam a modular a percepção da dor.

Caso os medicamentos não proporcionem alívio adequado ou provoquem efeitos colaterais significativos, outras abordagens podem ser consideradas.

Tratamento cirúrgico 

Nos casos em que a neuralgia do trigêmeo não responde a outras formas de tratamento, a cirurgia pode ser necessária. Os principais procedimentos incluem:

  • Descompressão microvascular: Indicado quando há compressão do nervo trigêmeo por um vaso sanguíneo. A cirurgia reposiciona o vaso para aliviar a pressão sobre o nervo.

O tratamento cirúrgico pode proporcionar alívio mais duradouro, e é considerado o “padrão-ouro” para o tratamento cirúrgico da Neuralgia de Trigêmeo.

Tratamentos minimamente invasivos (lesivos)

Quando o tratamento medicamentoso não é eficaz, procedimentos minimamente invasivos podem ser indicados, como:

  • Bloqueio do nervo trigêmeo: Injeção de anestésicos ou substâncias químicas para reduzir a dor temporariamente.
  • Radiofrequência percutânea: Procedimento que utiliza calor para modificar a transmissão dos impulsos nervosos e aliviar a dor.
  • Compressão por balão: Técnica que reduz a sensibilidade do nervo trigêmeo para diminuir os episódios dolorosos.
  • Radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife): Método não invasivo que utiliza radiação para reduzir a atividade do nervo e aliviar a dor.

Essas abordagens são geralmente indicadas para pacientes que não desejam ou não podem se submeter a procedimentos cirúrgicos, com a desvantagem de causar uma lesão no nervo e a sensação de redução da sensibilidade na face onde apresentava dor.

Como é a recuperação pós-cirurgia da neuralgia do trigêmeo?

A recuperação após a cirurgia da neuralgia do trigêmeo depende do tipo de procedimento realizado e das condições individuais do paciente. Em geral, as técnicas minimamente invasivas, como a radiofrequência percutânea e a radiocirurgia estereotáxica (Gamma Knife), têm um tempo de recuperação mais curto, enquanto a descompressão microvascular exige um período mais prolongado de cuidados pós-operatórios.

Primeiros dias pós-cirurgia

  • O paciente pode permanecer internado por 24 a 48 horas, dependendo do procedimento.
  • É comum apresentar dor leve a moderada no local da incisão ou na área tratada.
  • Em cirurgias invasivas, podem ocorrer inchaço facial e sensibilidade na região operada nos primeiros dias.
  • O uso de analgésicos e anti-inflamatórios é indicado para aliviar o desconforto.

Primeiras semanas

  • Pacientes submetidos à descompressão microvascular devem evitar esforços físicos intensos por pelo menos 4 a 6 semanas.
  • Nos procedimentos minimamente invasivos, a maioria dos pacientes retorna às atividades leves em 5 a 10 dias.
  • Pode haver dormência temporária no rosto, que tende a melhorar com o tempo.
  • Acompanhar a evolução da dor é fundamental, pois algumas técnicas podem levar semanas para apresentar os efeitos completos.

Longo prazo

  • O sucesso do procedimento varia conforme a técnica utilizada, podendo haver melhora imediata ou progressiva da dor.
  • Em alguns casos, há recorrência dos sintomas, exigindo ajustes no tratamento.
  • Sessões de fisioterapia e acompanhamento neurológico podem ser recomendados para otimizar a recuperação.

Cada paciente responde de maneira diferente ao tratamento, por isso o acompanhamento médico contínuo é essencial para garantir uma recuperação adequada e avaliar a necessidade de ajustes na abordagem terapêutica.

Prognóstico e qualidade de vida

O prognóstico da neuralgia do trigêmeo varia conforme a resposta ao tratamento e a gravidade do caso. Alguns pacientes conseguem controlar a dor com medicamentos, enquanto outros necessitam de intervenções mais definitivas.

Além do tratamento médico, algumas estratégias ajudam a melhorar a qualidade de vida, como:

  • Evitar gatilhos que desencadeiam crises, como vento frio e estímulos na face.
  • Adotar técnicas de relaxamento para reduzir o estresse, que pode intensificar a dor.
  • Manter acompanhamento neurológico para ajustar o tratamento conforme necessário.

Com o diagnóstico correto e a abordagem adequada, muitos pacientes conseguem reduzir a frequência das crises e retomar suas atividades com mais conforto e bem-estar.

Responsável Técnica: Dra. Leticia Odo, MÉDICA – CRM-SP: 119.751
Especialidade: Cirurgia Plástica, RQE: 35.510