Descompressão Neurovascular
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A descompressão neurovascular é um procedimento que pode transformar a vida de quem sofre com dores intensas e persistentes, como na neuralgia do trigêmeo. Se você já tentou remédios ou terapias sem sucesso, essa cirurgia pode ser a resposta para aliviar o desconforto e recuperar sua qualidade de vida. Mas o que ela envolve? Dói? Quando é indicada?
Vamos explicar tudo sobre a descompressão neurovascular para você entender como funciona e se é a solução para o seu caso.
O que é descompressão neurovascular?
A descompressão neurovascular, também chamada de microdescompressão vascular (MVD), é uma cirurgia que alivia a pressão de vasos sanguíneos sobre nervos cranianos. Ela é mais conhecida no tratamento da neuralgia do trigêmeo, uma condição que causa choques elétricos ou dores lancinantes no rosto, mas também pode ser usada para espasmo hemifacial ou neuralgia do nervo Glossofaringeo. O objetivo é separar o vaso sanguíneo do nervo comprimido, eliminando o conflito que gera a dor.
Feita com microscópio cirúrgico, a técnica exige precisão para acessar áreas delicadas do cérebro, como a fossa posterior, onde o nervo trigêmeo está localizado. É considerada o padrão-ouro para casos graves porque trata a causa, não apenas os sintomas.
Tipos de descompressão neurovascular
Embora a MVD seja o método principal, existem variações dependendo do nervo afetado:
- Descompressão do Trigêmeo: Foca no nervo trigêmeo (quinto nervo craniano), para neuralgia facial.
- Descompressão do Facial: Trata o nervo facial (sétimo nervo), indicada para espasmos hemifaciais.
- Descompressão do Glossofaríngeo: Alivia compressões no nono nervo craniano, usadas em dores na garganta ou base da língua.
Cada tipo usa a mesma lógica: abrir espaço entre o nervo e o vaso, geralmente inserindo um material acolchoado, como Teflon, para evitar novo contato.
Como é feita a descompressão?
A cirurgia exige anestesia geral e dura de 2 a 4 horas. O neurocirurgião faz uma pequena incisão atrás da orelha, acessa o crânio com um orifício (craniotomia) e usa um microscópio para localizar o nervo e o vaso conflitante. Após identificar a compressão, o vaso é afastado e fixado com um material biocompatível. O osso é reposicionado, e o paciente vai para a UTI por 24 a 48 horas antes de seguir para o quarto. A alta ocorre em 3 a 5 dias, com recuperação total em semanas.
Dói fazer a descompressão neurovascular?
Durante a cirurgia, você não sente nada por causa da anestesia geral. Após o procedimento, é comum ter dor leve a moderada no local da incisão ou cefaleia por alguns dias, controlada com analgésicos. A dor da neuralgia, que motivou a cirurgia, geralmente desaparece imediatamente ou nas primeiras semanas, o que torna o desconforto pós-operatório pequeno diante do alívio.
Benefícios da descompressão neurovascular
Os ganhos são impressionantes:
- Alívio duradouro: Até 90% dos pacientes ficam livres da dor por anos, segundo estudos.
- Solução definitiva: Trata a causa (compressão vascular), não apenas os sintomas.
- Preservar o nervo: Diferente de técnicas ablativas, mantém a sensibilidade facial.
- Reduz dependência de remédios: Elimina a necessidade de doses altas de anticonvulsivantes.
É uma opção que devolve conforto e autonomia a quem sofre com dores debilitantes.
Quando a descompressão é indicada?
A cirurgia é recomendada em casos específicos:
- Neuralgia do trigêmeo: Dores faciais intensas resistentes a medicamentos como a carbamazepina.
- Espasmo hemifacial: Contrações involuntárias no rosto por compressão do nervo facial.
- Neuralgia glossofaríngea: Dor na garganta ou ouvido que não responde a tratamentos simples.
- Falha de outros métodos: Quando infiltrações ou ablações não funcionam.
É indicada para pacientes com diagnóstico confirmado por ressonância magnética, mostrando o conflito neurovascular, e que não suportam mais a dor ou os efeitos colaterais de medicações.
Riscos e cuidados pós-procedimento
Os riscos incluem infecções (menos de 2%), vazamento de líquido cefalorraquidiano ou lesão nervosa, mas são raros com cirurgiões experientes. Após a cirurgia, evite esforço físico por 4 a 6 semanas, mantenha a ferida limpa e siga consultas de acompanhamento. Dor de cabeça ou tontura leve podem ocorrer, mas passam com o tempo.
Quando não fazer?
A descompressão não é para todos:
- Idosos com saúde frágil ou doenças graves (ex.: cardiopatias severas).
- Casos sem compressão vascular confirmada por exames podem ter menor chance de eficácia deste procedimento.
- Pacientes que respondem bem a tratamentos com medicamentos, sem sofrer efeitos colaterais.
Uma avaliação neurocirúrgica detalhada define a viabilidade.
Responsável Técnica: Dra. Leticia Odo, MÉDICA – CRM-SP: 119.751
Especialidade: Cirurgia Plástica, RQE: 35.510